sexta-feira, 30 de setembro de 2016


2º RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO NA BACIA ÁGUA DOS PAPAGAIOS
(3º Bimestre) 

DIENIFER FERNANDA DOS SANTOS
FLAVIA WALTER DA SILVA
KELI APARECIDA DE OLIVEIRA
RAFAEL MORAES MARCOLINO
RENATA S. M. IBA MANOEL

Este relatório consiste em um senso populacional de cinco espécies da flora exótica na Bacia Água dos Papagaios, localizada no município de Campo Mourão. A coleta de dados do senso populacional das espécies, Eucaliptus sp. (Mirtaceae), Grevillea robusta A. Cunn. Ex. R. Br. (Proteaceae), Leucaena leococephala (Lam.) de Wit. (Fabaceae), Melia azedarach L. (Meliaceae), Pinus sp. (Pinaceae), se constituiu por meio de dois procedimentos metodológicos, o primeiro foi a partir do transecto (totalizando 10) na bacia (Figura 1), no qual estabelecemos uma linha de 150 m nos pontos de agrupamento da bacia, hora adentro da vegetação e hora fora da vegetação ripária, até mesmo por conta de algumas inviabilidades com relação ao acesso à algumas áreas selecionadas. Já o segundo método se constituiu na coleta de dados por avistamento aleatório e por agrupamento das espécies, isto na segunda parte da bacia, totalizando dois pontos de amostragem na respectiva área, com o intuito de observar e analisar sua introduçãoestabelecimento, dispersão, colonização e dominância.
O comportamento das espécies nesta etapa do projeto foi distinto da primeira, pois nesta fase selecionamos alguns pontos de agrupamento bem próximo aos cursos do rio, ligados diretamente à vegetação ripária, portanto é visível que a primeira parte da bacia, que está mais próxima da cidade, é a área que encontra uma maior alteração ambiental, devido a presença da Vila Guarujá, indústria têxtil (dentre outras com outras finalidades), hotel pousada, instituições de ensino, frigorífico, que influenciam na fisiologia da paisagem da bacia, e principalmente na vegetação, levando-nos um de nossos objetivos que é caracterizar se a flora exótica é invasora ou não, e se esta está alterando a vegetação endêmica.
A partir dos estudos e dados coletados, observamos que o eucalipto, a santa bárbara, a grevilha, a leucena e o pinus, não se caracterizam como invasores na área de estudo. Obviamente que estas aparecem nos transectos, porém constatamos que nesta segunda fase do projeto nos pontos de agrupamento selecionados, as espécies que foram mais representativas e foram as únicas encontradas são o Eucaliptus sp. e Melia azedarach L., principalmente na primeira parte da bacia, onde se se concentram as áreas de maior alteração ambiental, fazendo com que estas se disseminem tanto de forma direta quanto indireta.

Figura 1: Demarcação dos transectos na Bacia Água dos Papagaios.
Fonte: Google Earth Pro 2016.
Adaptado por: OLIVEIRA, K. A.

O eucalipto é a espécie mais significativa (Tabela 1) em todas as fases do projeto, principalmente, onde houve a retirada da vegetação nativa, e como sabemos esta espécie assim como o pinus vem sendo uma alternativa para as áreas de reflorestamento e/ou silvicultura, sendo utilizado ainda em áreas de preservação permanente, onde a vegetação de origem perdeu características e espaço por ação antrópica ou natural. Esta compreende principalmente a paisagem de propriedades privadas através de plantio direto, e em outras porções próximas decorrente de sua disseminação.

      Figura 2: Eucaliptus sp. próximo a área agrícola.
  Foto: OLIVEIRA, K. A. 2016.
  
A santa bárbara (Figura 3 e 4) embora seja considerada uma árvore exótica invasora, assim como as outras não se comportou como tal, pois sua maior representatividade (Tabela 1) também foi mais próxima à área urbana e nas áreas de várzea, onde a vegetação de origem perdeu espaço, pela ação antrópica ou pelas adversidades do meio. Constatamos que esta espécie se distribui em espaços mais abertos, longe da mata densa, portanto tem boa adaptação as condições edafoclimáticas. 

     Figura 3: Flores da Melia azedarach L.
     Foto: OLIVEIRA, K. A. 2016.

 
Figura 4: Melia azedarach L.
Foto: OLIVEIRA, K. A. 2016.


A grevilha foi uma das espécies raramente encontradas, desde o primeiro campo, onde foram encontradas apenas cinco espécies nos vinte pontos de amostragem, somente na primeira fase do projeto. Sua introdução no Brasil ocorreu durante a década de 1991, onde foi utilizada nos anos posteriores principalmente no Paraná, como uma árvore de reflorestamento, porém seu material genético foi implantado de forma incorreta, diminuindo a taxa de germinação das sementes, perda no vigor e má formação, tornando-se uma espécie genericamente introduzida, com pouca produção genética. Atualmente é comum observar esta espécie na arborização urbana, que se torna mais significante que na área rural.
A presença de pinus também foi significante na primeira fase do projeto somando sessenta e uma espécies, sendo assim constatamos que este se representou sempre muito próximo da área de reflorestamento localizada próximo ao Colégio Agrícola e à Estação Climatológica Principal de Campo Mourão, caracterizando por plantio direto e por polinização.
A leucena mesmo sendo uma espécie de características invasoras de forma agressiva, também se distribuiu significativamente durante a primeira aula de campo, constituindo-se a partir de oito pontos de agrupamento e conhecidamente localizados próximos a área urbana, compreendendo lugares modificados e alterados ambientalmente relativos as condições edáficas desprovidas  por sua própria introdução.
Durante a aula de campo, utilizamos tabelas específicas a cada procedimento para fazer à coleta de dados, desta forma as seguintes tabelas são relativas aos dez transectos realizados na bacia Água dos Papagaios, que se atribuem os seguintes dados:

Tabela 1: coleta de dados de quatro espécies da flora exótica por meio do transecto

Transectos de Amostragem

Eucaliptus sp.
Grevillea robusta A. Cunn
Melia Azedarach L.

Pinus sp.
Transecto 1
-
-
-
--
Transecto 2
23
-
-
-
Transecto 3
-
-
20
-
Transecto 4
-
-
-
-
Transecto 5
-
-
-
-
Transecto 6
50
-
2
-
Transecto 7

-
19
-
Transecto 8
-
-
2
-
Transecto 9
6
-
-
-
Transecto 10
-
-
2
-
Org: SANTOS, D. F, 2016.

 Tabela 2: coleta de dados por agrupamento de uma espécie da flora exótica por meio do transecto

Pontos de amostragem
Leucaena leucocephala
(Lam.) de Wit.
Transecto 1
-
Transecto 2
-
Transecto 3
-
Transecto 4
-
Transecto 5
-
Transecto 6
-
Transecto 7
-
Transecto 8
-
Transecto 9
-
Transecto 10
-
Org: SANTOS, D. F, 2016.

O procedimento por avistamento aleatório nos dois pontos de amostragem das respectivas espécies ao entorno da segunda parte da bacia, apresentou as mesmas características dos transectos, evidenciando a representatividade do eucalipto como mostra as tabelas a seguir:

Tabela 3: coleta de dados por avistamento aleatório na segunda parte da bacia

Pontos de Amostragem

Eucaliptus sp.
Grevillea robustaA. Cunn
Mélia Azedarach L.

Pinus sp.
Ponto 1
-
-
-
-
Ponto 2
31
-
-
-
Org: SANTOS, D. F, 2016.

Tabela 4: coleta de dados por avistamento em agrupamento na segunda parte da bacia

Pontos de amostragem
Leucaena leucocephala
(Lam.) de Wit.
Ponto 1
-
Ponto 2
-
Org: SANTOS, D. F, 2016.

Portanto constata-se que quanto mais próxima da área urbana, maior a presença de espécies exóticas, com exceção do Eucaliptus sp., que foi encontrado em quase todos os pontos de coleta de dados, seja ele por transecto ou por avistamento aleatório, isto porque na primeira parte da bacia a uma interferência máxima na paisagem, decorrente de alguns fatores já mencionado, mais que vale ressaltar essa influência das moradias próximas a bacia, as indústrias têxtil e de outras finalidades, hotel pousada, agricultura, dentre outros fatores de influência que interferem na transformação do curso d’água para suas necessidades que acabam refletindo na vegetação.
Obviamente na segunda parte da bacia também há uma alteração máxima da paisagem (como da própria bacia Água dos Papagaios) a partir de monoculturas agrícolas como a aveia (cultura estabelecida durante a aula de campo) que vem ocupando o espaço da vegetação, mas como sabemos existem legislações para a preservação da vegetação ripária, e este é o diferencial da primeira parte da bacia com relação a segunda, pois a pressão dos órgãos ambientais é intensa sobre os agricultores (mas as falhas também existem), sendo assim constatamos que nesta segunda porção da bacia, não há uma representatividade elevada da flora exótica, como já mencionado, com exceção do eucalipto, principalmente em áreas privadas, significando que há uma preservação da vegetação nativa, mesmo que não seja cem por cento.
Em meio a nossas atividades de campo, nos deparamos com algo inusitado. Consultando mapas e cartas topográficas do município de Campo Mourão, percebe-se na margem direita da nossa bacia campus de pesquisa a presença de um afluente (Mapa 01) ao Rio Água dos Papagaios. Devido ao fato de termos pré-delimitado um ponto de coleta de informações em tal região, constamos que na verdade, a realidade não condiz com as informações cartográficas. 


Figura 05: Delimitação sob carta topográfica do curso d’agua que sofreu alteração.
Org. MARCOLINO, R.M.

Uma das possibilidades para o desaparecimento do pequeno afluente seria a agricultura, ou no caso, podemos especificar ainda mais como monoculturas, já que a área é utilizada por seus proprietários no plantio de culturas como soja, milho e trigo, fazendo uso de maquinário agrícola capaz de causar processos de soterramento de leitos de rios de pequeno porte.
Com a alteração do local, também é possível que a vegetação, mesmo a que permaneceu das proximidades da área antes ocupada pelo pequeno rio, tenha sofrido grandes mudanças. Mesmo assim, com base nos nossos métodos de pesquisa, não constatamos presença de espécies exóticas ou invasoras. Com a imagem de satélite abaixo (Imagem 01), nota-se a ausência de um curso d’água, o que é acentuado pela falta de vegetação ripária que deveria ocorrer as margens do rio, uma vez que ao analisar toda a bacia, é visível este tipo de proteção natural aos córregos.

  

Figura 06: Delimitação do curso hídrico inexistente.
Fonte: Google Earth Pro 2016.
Org. Marcolino, R.M.


Figura 07:: Representação do antigo curso d’agua.
Fonte: Google Earth Pro, modo Street View. 2016.
Org. MARCOLINO, R.M.

            Redesenhando a área da bacia hidrográfica já mencionada com uso de softwares como Spring[1], Scarta[2] e Global Mapper[3], chegamos a um dado interessante, uma vez que o relevo foi levemente alterado (Mapa 02), possivelmente pela atividade agrícola desempenhada na região. Desse modo, como se é sabido, torna-se até mesmo impossível a formação de um corpo hídrico em uma área que sofre um acréscimo de relevo.


Figura 08:  Perfil hipsométrico obtido no Global Mapper da área antes ocupada por um córrego. Constatou-se uma pequena elevação no local exato em que se passava a água.
Org. Marcolino, R.M.

            Com essa alteração, a nascente do córrego recuou para mais próximo do corpo principal da bacia. No local antes ocupado por este córrego, nota-se vestígios de encharcamento do solo. Porém, devido a ocupação agrícola, a vegetação torna-se inexistente, mesmo espécies exóticas ou invasoras.              A paisagem da bacia, muitas das vezes se confunde com outras paisagens alheia, pois atribuem características semelhantes como a vegetação e os mesmos recortes paisagísticos que representam a transformação do ambiente pelo agente antrópico, tornando a paisagem confusa e desafiadora.

Cálculo de Biodiversidade das Espécies da Flora Exótica


Eucaliptus sp.
Grevillea robusta A. Cunn.
Mélia Azedarach L.

Pinus sp.

Leucaena leucocephala
(Lam.) de Wit.
79
-
45
-
-


A biodiversidade das espécies é de: 0,82 com uma proximidade de zero, significando que o Eucaliptus sp. e Melia azedarach L. se encontram agrupados de acordo com seu ambiente de introdução.

Gráfico de correlação entre as espécies de: Eucaliptus sp. e Melia azedarach L.

Org: SANTOS, D. F, 2016.

O gráfico acima relativo a correlação entre as respectivas espécies, mostra que não há correlação entre o eucalipto e a santa bárbara, pois quando é avistada uma espécie, a outra não aparece, isto nesta segunda etapa do projeto.

Coordenadas Geográficas dos transectos e pontos de Amostragem na Bacia Hidrográfica Água dos Papagaios

Ponto 1: 24 03 44.32 S – 52 22 39.85 O; Elevação. 556 m;
Ponto 2: 24 04 13.90 S – 52 22 55.23 O; Elevação. 565 m;
Ponto 3: 24 04 34.34 S – 52 23 16.11 O; Elevação. 572 m;
Ponto 4: 24 07 25.73 S – 52 24 50.45 O; Elevação. 644 m;
Ponto 5: 24 07 43.14 S – 52 25 48.58 O; Elevação. 656 m;
Ponto 6: 24 06 24.23 S – 52 25 34.49 O; Elevação. 634 m;
Ponto 7: 24 04 40.88 S – 52 24 00.60 O; Elevação. 573 m;
Ponto 8: 24 04 14.69 S – 52 23 20.81 O; Elevação. 570 m;
Ponto 9: 24 04 16.10 S – 52 23 18.59 O; Elevação. 564 m;
Ponto 10: 24 03 40.92 S - 52 22 50.24 O; Elevação. 556 m.

APÊNDICE I: FOTOGRAFIAS DA AULA DE CAMPO


                 Figura 9: Rio Água dos Papagaios
Foto: OLIVEIRA, K. O. 2016.



            Figura 10: Rio Água dos Papagaios
Foto: OLIVEIRA, K. O. 2016.
 

Figura 11: Paisagem ao entorno da bacia Água dos Papagaios
Foto: OLIVEIRA, K. O. 2016.


    Figura 12: Área agrícola.
   Foto: OLIVEIRA, K. O. 2016.







 Figura 13: Frígorifico próximo ao Rio Água dos Papagaios
  Foto: OLIVEIRA, K. O. 2016.




[1] Sftware desenvolvido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) como banco de dados geográficos.
[2] Módulo do Spring que permite editar uma carta e gerar arquivo para impressão, consistindo da arte final dos dados.
[3] Software de geoprocessamento capaz de utilizar várias funcionalidades dos Sig’s (Sistemas e Informação Geográfica) fazendo uso de equipamentos como o GPS.